sábado, 13 de agosto de 2011

MINHA DESGRAÇA

Minha desgraça, não, não é ser poeta
Nem na terra de amor não ter um eco
E meu Anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como se trata um boneco…
Não é andar de cotovelos rotos
Ter duro como pedra o travesseiro
…Eu sei… O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro…
Minha desgraça, ó cândida donzela
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela!

Álvares de Azevedo (in CANCIONEIRO ALEGRE I,

compilado por Camilo Castelo Branco)

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