domingo, 26 de junho de 2011

http://sites.google.com/site/literaturasaberespecial/
Dia temperado e com bom tempo, aos poucos, todos nós íamos chegando e fazendo presença, alguns circulavam por entre as árvores do pátio, as mesas e alguns ocupavam e lá iniciava as conversas e diálogos, todos estavam falantes, simpáticos. Eu com blazer e camisa de malha, calças leves e justas, neste dia de sol claro e límpido, já devia ser 11:00 h, olhava cada par e grupo de amigos, em cada passada minha trocava duas ou três palavras com os convivas.
- Comentaram comigo que escreves seus próprios romances: - espero que seja feliz: ótima arte a literatura – disse João.
Transitei até ao conjunto de música, comecei a beber drinks. O céu estava azul e sem nuvens. Certa senhorita, Joana, olhava-me, despediu-se do casal com que conversava e atravessou o ambiente e me dirigiu estas palavras: - “Elaine deve vir a qualquer momento, comentou seus versos e o livro que imprimiu para ela, nada de amor secreto, mas sim relações desinibidas e amor livre – bom para nossa sociedade, não crês Álex?” – “De fato ainda é o que escolho em minhas relações amorosas, que são poucas e escolhidas por razões de simpatia e afinidade, Elaine há de compreender o complexo do mundo, suas tramas, assim como sou, amando a liberdade, o amor é encontro de dois!”
Estava de ouvido em pé e eis que ouvi: - “A Diretora da escola estadual, cada vez mais autoritária, não sei se a repreendo ou a elogio”.
O fotógrafo viu duas damas de sombrinha e de rosto feliz, tanto quanto plástico e as fotografou. A criançada corria por entre as mesas a grito e riam muito, quase às gargalhadas.
Topei com o Prefeito e cada obra que pretendia fazer exibia sorriso cínico, parecia que a administração devia satisfação a outros, onde seu poder era contestado, deixei-o falar. O administrador de uma secretaria de obras, falava baixo, quase sussurrava, raras horas eu o compreendia, resolvi andar por todo o pátio, logo ganhei a paisagem, o dia estava lindo, ensolarado e sem nuvens, nós desejávamos nos entender. Sermos claros e distintos: respeitar-nos. O Secretário de cultura adepto da Modernidade me espreitava. Fogos de artifício começaram: barulho, gritos, alvoroço... Bebia licor. Estava bem comigo e impassível como sempre permaneço entre pessoas públicas.
De longe via os montes desta minha terra. - Lina parou ao meu lado e sussurrou: “A cada dia nossa cidade cresce em importância e espero de ti certa publicidade. Nós mulheres a vemos cada vez mais simpática e boa de viver. Aqui somos dignas...”
A certa altura do tempo da festa, por volta de 13:00 h o churrasco começou. Todos se alimentavam. Não evitei. Saí de lá o sol era agradável, ia pensativo pelas ruas, o blazer nas mãos, alguns transeuntes das ruas, observavam, fui gentil e acolhedor, descia a avenida principal, bati à porta de minha casa, joguei longe os sapatos, caí na cama e adormeci.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

História


Trajetória do Imigrante Libanês no Espírito Santo

Marcos Silva Oliveira

Licenciado em História.

Estudo da formação e do desenvolvimento da comunidade de imigrantes libaneses no Espírito Santo entre 1910 e 1940. Nos Municípios de Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória: onde esta presença foi mais marcante. A imigração ocorreu devido as duas grandes guerras e a dominação Otomana no líbano. Como no Brasil “a democracia racial” estava instalada e a economia cafeeira, o comércio e pequenas indústrias, contratavam e admitiam trabalhadores imigrantes, devido também à mão de obra libanesa, empreender relações aceitáveis, comunitárias, grupais e familiares, por vezes folclóricas e culturais, a leva de imigrantes instalaram-se nas terras capixabas.
“Eu vim como quase toda a pessoa que sai do Líbano, com o desejo de enriquecer e ajudar minha família. Vim sonhando em retornar logo e nunca mais voltei...” p. 43. “A seleção, entrada, distribuição e fixação de imigrantes ficarão sujeitas, na forma da lei, às exigências do interesse nacional.” p. 49 - Os imigrantes libaneses não chegavam em levas determinadas, mas ajudados por parentes já estabelecidos nas terras capixabas – através de vínculos familiares. Trabalhavam em pequenos comércios, secos e molhados, farmácias, vendas de tecidos, armarinhos e bares.
Chegavam no Rio de Janeiro e embarcavam até a Barra de Itapemirim, de barcaça até a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, atingindo Castelo, Alegre e Guaçuí em lombos de burros. Com a estrada de ferro – Mimoso, Muqui e São Pedro de Itabapoana e regiões vizinhas segundo documentação por volta do ano de 1900. São citados em Cartório de 1º ofício no Livro de Registro de Imóveis desde o ano de 1902 até 1940, fazendo todo tipo de registros e quase não havia falências. Até onde vai a pesquisa. - No Jornal “O Alegrense” em Cartórios e na Paróquia de Alegre.
A alcunha: “Turco, Sírio e Libanês” é um ideário e ideologia étnica. A família era patriarcal como a brasileira, a vida secreta e submissa da mulher, uma obediência respeitosa das crianças, solidariedade entre a parentela – eis os costumes.
Grande desejo de ascensão social e destaque para a educação dos filhos – procura de boas escolas. Mantém esforços pelos costumes e na acomodação nas formas de vida do que aqui puderam construir.
Esta imigração para o Brasil e notadamente para o Espírito Santo mais que emancipação econômica e identidade: significou liberdade - luta contra a opressão.


CAMPOS, Mintaha Alcuri (1987). Turco Pobre, Sírio Remediado, Libanês Rico: A Trajetória Do Imigrante Libanês no Espírito Santo (1910/1940) – Instituto Jones dos Santos Neves (Vitória – ES).



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Para que lemos?

A literatura é o ato de ler e escrever. O espaço da leitura é dinâmico. Conhecemos diversas regiões do saber: ciências e técnicas, as artes e culturas - com o prazer da leitura. O leitor de certo modo vive o teatro da vida indiretamente, relaciona-se com pessoas (autores) de todos os lugares e crenças, com níveis de inteligência diversos, o leitor aprende que existem culturas em luta, que determinada escolha nos fará sabedor de certas verdades e modos de proceder. O teatro do leitor é conhecer diversos “Eus”, muitos modos de ser, identidades, características e marcas. O leitor viaja nas páginas dos livros para tomar rumo no conhecimento. A imaginação, o conhecimento da verdade, os modos de ser, fazem do leitor: figura típica, com uma certa filosofia. A forma de agir é lenta: mas segura. O leitor descobre e reinventa o mundo, ele lê o novo universo a qual pertence - esta é sua arte.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Ética de Escritor

A relação com o público da parte do escritor quando existe a aceitação da civilidade: ou quando os papéis do estado são questionados em sua burocracia e forma padrão: então a função social do escritor surge.
A função autor em sua geração de obra nada mais é que forma civilizada dos cidadãos se inter-relacionarem.
Quando a cultura, a forma homem, as humanidades e letras se fazem necessárias – o papel do escritor será de mediador entre os diversos domínios sociais para determinarem o acordo social.
O escritor é agente não só da cultura, da civilidade e apaziguamento, mas de pretenso acordo social entre as partes em consideração.
Quando não existe esta função escrituraria, do autor e homem de letras, quando o ato da escrita perde seu caráter público: - então o contrato social e a civilidade: - a civilização - se vêem ameaçadas.
A perda do caráter público da escrita impede a formação de domínio maior: a compreensão do todo social e da organização civil - o poder público!
A leitura é esse ato de rasgar, de amarrotar, de torcer, de re-costurar o texto para abrir um meio vivo no qual possa desdobrar o sentido. O espaço do sentido não pré-existe à leitura. É ao percorrê-lo, ao cartografar, que o fabricamos, que o atualizamos.
A escrita chega ao sentido pela significância. É esta abertura que inicia o espaço dos signos, do sentido, da experiência do significado da escritura. O que antes foi simbólico, passa a ter uma estrutura, uma rede de sentidos e significantes, a letra passa a ter vida. A estrutura e nó de conceitos, o deslizamento das imagens, o som, e todo arcabouço teórico, passam a existir não mais idealmente, na fantasia, nem tanto com realidade, mas passa a ser o exercício do pensamento, o re-vigorar dos atos, a ação camuflada, o retorno do reprimido.
A reflexão, o ato da leitura complementado pela escritura, passa a ser exercício do pensamento, atividade mental, mas também produção e criação de um espaço puramente virtual: cinematográfico e pictórico, imaginativo ou transcendental...
A escrita e o autor passar a ser cúmplice da grande biblioteca, do labirinto de opiniões, da virtualidade das possibilidades, da simulação, do teatro dos diversos saberes, a prática da escrita – passa a ser babel feliz. O escritor aquele que porta a diferença, o estrangeiro, o nômade de todas as idéias, opiniões e identidades – o ator pleno de papéis e máscaras.

domingo, 19 de junho de 2011

O Livro, A Literatura e a Cultura

A criação e produção literária, com fundamentos gerais, sem deixar de lado a história e a filosofia, o campo de proliferação de todas as culturas, através da escrita, possibilitaram o aparecimento destas positividades que circunscrevo e abordo.
A informação e a cultura digital, a sociedade informatizada que me introduzi, a cultura das máquinas inteligentes, a produção de inteligência artificial, o computador, são meios, instrumentos, via para promover e auxiliar a criação literária, a manifestação filosófica, e engajamento em nossa época histórica – a sociedade tecnológica.
Os meios de comunicação em massa, seja por imagem, escrita, textualização, enquadramento, mediatização, por meios indiretos, não classificatórios – promovem o agenciamento coletivo, a transmissão, a propagação da cultura, da qual estou autorizado a difundir...
A transmissão de conhecimentos, saberes, técnicas, a propagação desta cultura, ao mesmo tempo em que existe e é eficaz, se transforma em produção, em obras, caminha em direções inesperadas, abre linhas poéticas, textuais, de produção do livro, gera metamorfoses...
Ela não é apenas direção seguida, caminho a ser percorrido, trilha, mais que o almejar o fim, o ponto de chegada, o sentido é mesmo, a produção. Ambiciona ver, notar a eficácia, o enquadramento, a utilidade e os efeitos, o drama do encontro, o cômputo e a conta, a manifestação e a compreensão – busca a conjuntura, o relacionar, o estar junto a distancia, ambiciona crescer, alargar, para ser superficial – a quase-causa e os efeitos de se medir, de esperar, o futuro acontecimento e seu cálculo, o aparecimento de uma nova conjuntura...

O Trabalho Literário

A figura do crítico surgiu quando o intelectual se politizou. O romancista, geralmente pequeno burguês, dono de gráficas, editoras, assumiu o papel de orientar as belas letras. A literatura cumpria o papel de evasão e de lazer, de estilo de vida proposto e de cultura nacional ou arte.
Quase sempre o papel do crítico foi nos jornais, na imprensa, através de leituras e manifestos, críticas, orientar o vôo do escritor. Esta prática principalmente em sua origem foi em relação ao romancista. O prosseguimento da obra dependia do crítico, seu fracasso ou fama, da aceitação no meio artístico, da cultura, das belas letras e artes. O crítico era bastante elitista.
Geralmente os escritores eram pequenos burgueses que tentavam imiscuir-se na política da cidade ou região, adquiriam certa fortuna, ambicionavam cargos, se tornavam professores, lentes, fundavam jornais e revistas, tornavam-se pedagogos.
Havia uma idéia de obra, de obra de arte, de algo espetacular escrito, fora de série, extraordinário e que fosse influente, que alterasse o estilo – a obra de arte. A idéia de inovar era obsessiva.
Existiram muitos manifestos acerca da arte, da poesia, experimentalismos, futurismos e a idéia de beleza, de boa escrita, de linguagem culta, de frases corretas, perseguia-os.
Assim como somos aceitos num meio, numa classe, o escritor e romancista, precisavam ser admitidos, aceitos como alguém que tem algo a dizer e fazer, inovar nas artes, na literatura, a figura do crítico é quase que de censor e impunha limites, fazia o romancista caminhar em determinada direção, ensinava-o a buscar o ideal da arte perfeita: a obra de arte.
Esta história que faço da literatura muito influenciada pela literatura européia, meio bela época, se impôs também no Brasil. Vejamos José de Alencar, Gonçalves dias, onde os escritos aparecem em jornais da época, os romances são publicados periodicamente, onde os versos aparecem na efusão dos comentários.
De fato era imensa glória ser escritor. Um privilégio de classe, do meio cultural e com poder de influência. Homens de direito e políticos também escreviam e ocupavam cargos de importância política.
Enfim, esta história por volta do Séc. XVIII inicia e prossegue. Hoje o escritor e romancista, além de figuras extraordinárias, formam a ação de evasão, de aculturar, de entreter, a idéia de obra de arte não é percebida pelos nossos contemporâneos - este ideal não existe por parte do público...


Marcos S. Oliveira é Autor pela Academia Brasileira de letras

sábado, 18 de junho de 2011

CRÔNICA DA VIDA DE ESCRITOR

A Paixão de escrever confunde-se com a vida. A vida do escritor é complexa quanto sua imaginação e pensamentos. Nossos desejos vão para a tênue folha do papel em busca de qualquer História. A nossa história ou este evento que espreitamos para enaltecer.
O escritor busca a vida dissecando-a. Ele dela retira a autoria pondo-a à mostra. Ele a toca com luvas. O Livro que sonha é janela para o mundo, universo paralelo, acontecimento inédito.
O Escritor espreita este anônimo nas ruas, esta bela mulher olhando as vitrines, a estrangereidade, esta criança com um sorriso preso aos lábios, esta notícia sobre a política, por ambicionar ser “voyeur”, estar de olho para os acontecimentos da vida.
A Paixão de Escrever permite qualquer sacrifício, nós escritores seríamos capazes de destruir o mundo e o nosso, para que a função do Literato prossiga, somos insistentes e resolutos...
A cada autor, a cada face vista, a cada cena que se abre em nosso pensamento, em cada frase escolhida, a paixão de escrever está presente. Algum dia esta paixão nos matará devido ao perigo.
Ontem desci a avenida principal da cidade e percebi que o escritor caminha em direção a este destino, a imortalidade.
Na vida tudo é frugal e passageiro. Ambicionar a glória e a fama de escritor é feito entrar na eternidade, sermos nome e rosto para a posteridade.
Ser escritor me lembra o mar, este monstro. A cada batida das ondas na areia o mar leva nosso orgulho, as conchas coloridas da imaginação, o livro da vida, a façanha de escrever e nossa paixão desenfreada.

ESCRITA DE LAPSO


Durante muito tempo a palavra inconsciente me era desconhecida, por razões óbvias, a gente sempre privilegia a consciência. Obra deveras interessante é “Psicopatologia da Vida cotidiana”: em minha infância e juventude escutava as palavras de meus conhecidos e buscava a significação. De fato não correspondia o sentido dado de cada um de nós. Costumava sonhar a noite com letras e quando acordava suspeitava de que inferiam a maior importância aos elementos das palavras.
Depois de uma experiência filosófica desastrosa, as letras ganharam significação. Grande parte de sua sonoridade e sintagma, dedicava atenção. Aprendi a ler a palavra inteira, mas, já sabia que é formada de elementos significativos, radicais, prefixos, raízes e a etimologia surpreendeu-me. As crianças infantilizadas “soletram”.
O que chamo de inconsciente estrutura-se como linguagem, a letra para Lacan fala e diz. Conheci realidade surreal. Sintomática e plena de lapsos - o mundo adulto. E vejo agora que sua cultura ainda é muito pueril. Quando alguém pertence a meio social: o preço é a diferença.
Entrei no mundo moderno praticando muitos erros, pelo menos o que diziam da minha pessoa. Como conheço lógica sei da contradição e do absurdo. Embora não pratique seus argumentos, principalmente o da autoridade. As palavras quando escritor: adquiriram sabor áspero.
Houve época em que pensei que alguma palavra poderia me matar. Este relato indica o discurso atual, onde os excrementos ganham lugar na conversação. Linguagem fisiológica é elogio. Espero a paciência do leitor para a compreensão. Tento aqui ser claro e sincero.