quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A MESA E O AMBIENTE

Sobre a mesa
O jarro barroco
Réstias de pão.
Água gelada.
O casaco na cadeira,
A janela e a paisagem
O quadro multicolorido.
Meu amor imenso.
A poesia entre os dedos.
Esta maça esquálida,
Sim esta maçã.
A colher entre os lábios.
Esta maçã torpe.
A maçã da queda
Da futilidade
Do dia a dia.

sábado, 21 de janeiro de 2012

POLÊMICA ACERCA DO SÍMBOLO



Aqui quem fala não é um especialista, voz autorizada a abordar e responder a questões prementes. O símbolo tem algo a dizer? A semiótica de Peirce propõe interpretar assim como uma marca, vestígio de imagem que representa algo para o sujeito. Sausseare que no passado possuía uma imagem mnemônica. Para os estóicos um referente. Para os atuais um significante e significado. Para nós transcendentalistas a imagem que corresponde a objetos presente no mundo. Na grécia antiga símbolo que nos introduz em algo verdadeiro, verídico. A imagem de objeto que no mundo acontece – processo de chegar a uma verdade. O que nós admitimos é que símbolo corresponde a algo presente em nosso universo pessoal. As coisas que nos tocam e roçam. Por vezes grudam. Símbolo da cultura maior e espaço próprio – sonho, pintura e quadros, cenas, esta imagem que resplandece no interior da mente. Sem precisar de interpretação.


sábado, 21 de janeiro de 2012.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ESPECTADOR DE SI


A tela defronte à minha pessoa. E na poltrona central do cinema abarco com a visão ao derredor: os interessados naquele filme. Havia apostado ser ator cinematográfico de curtas e documentário. Ainda penso ser sensata esta arte para meu domínio. Ouvi vozes, ruídos e percebi o technicolor da película. Espero observar a reação dos espectadores e como se comportam. Matérias em jornais colorem a imaginação. Recordo. O público comparece. Há até agenda de exibição. Em festivais são exibidos. O ator que sou irrompe. E também o indivíduo aleatório nos sets, a compreensão do trabalho, tornam-me múltiplo, facetado e plural. Penso. Vejo-me sobre-humano e surpreendente. Acredito na sétima arte perceptível aos sentidos. Sou alguém neste anteparo que é a tela. Projeta para mim uma realidade transcendental a qual pretendo ainda prosseguir a vislumbrar e a ter.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A LITERATURA EM AGONIA


Durante algum tempo Victor Hugo e Balzac conseguiram dos seus trabalhos de escritores controlar a imprensa, o resultado de seu desempenho em jornais, a editoração de seus livros. Machado de Assis no Brasil foi tipógrafo e jornal da capital publicou versos. Como era de boas relações na cidade do Rio de Janeiro, sua obra encontrou poucos empecilhos em sua difusão. Na Europa durante o Século XIX proletários escreviam jornais e versos, manifestos, com boa aceitação do público. Em França: Camus, Sartre, outros tantos mais que não cito devido a importância para o movimento revolucionário. A Literatura em agonia, o romance exalando seus suspiros de futilidade, a proposta atual de escrita literária ressurge envolta em movimentos culturais mais despertos. A agonia da literatura significa o valor dúbio e camuflado, carregado de significações ideológicas. O escritor em suas ações desenvolve e induz ao redor atuações múltiplas, funções variadas: imprensa, editoração e notícia. O significado transitório e a eficácia local, em torno de sujeitos que trilham percurso, por vezes, onde não há retorno para o campo literário. Eis por que a literatura agoniza. Encontrar da parte dos agentes a aceitação e plenitude. Manter o desenvolvimento do ato literário.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A SENHORITA MEMORIOSA

Recebi das mãos de uma gentil senhorita esta missiva de 1818 do Barão de Canterbill para Sr. Anthony Charles Briddey. Foi me dada para que a guardasse. A senhorita Missdrey pediu que a deixasse primeiro a ler em voz alta e que devido ao tempo, estamos em 1908, a guardasse nas relíquias de família. Adiantou que outras cartas poderiam encontrar-se em seu sótão, guardadas ainda como segredo. O futuro escolherá outras mãos e personalidades para as conhecerem. Já que foram trocadas estas missivas, durante a revolução industrial ocorrida na Inglaterra. Quando ainda haviam sofredores. Pôs-se então a ler:

Sr. Anthony Briddey

As máquinas de meu galpão têxtil, movida por crianças e mulheres, por 2 sopas ralas, algum agasalho, muito barulho e infernais, alguns homens que as provem de combustível, com a produção em larga escala: baixamos o preço do linho. Os rolos de tecido já prontos: os tingimos de escarlate. É preciso também falar das febres. Os esgotos da rua a céu aberto. Muita gente estropiada. A neve dia a dia, retiramos com a pá defronte a porta. Deverei comprar de ti alguns suprimentos e novos teares. Aguardo atenciosamente resposta.

Barão de Canterbill.

A senhorita Missdrey estava pálida. Mal articulava a voz de apreensão. Disse a ela que no ano de 1908 corrente: estes acontecimentos inexistem. Ela então sorriu, levou a carta junto aos seios, após a ter dobrado, pediu-me para a deixar retornar ao cofre, em seu sótão, onde estão outras estão para serem lidas em um futuro promissor.
Estou bastante comovido. Há uma promessa de felicidade. O ar de Londres, outra vez, é gasoso, mas, ainda nos apraz o respirar.


Alegre / ES, quinta-feira, 05 de Janeiro de 2012.