segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CARTAS DE AMOR

- “Todas as cartas de amor são ridículas: senão não seriam cartas de amor”. Fernando Pessoa: poeta, ainda me surpreende nestes versos abusados. Comentei a uma garçonete que de amor não falamos, pois o sentimos. Fui incompreendido e assim permanecerei. Bem: como quanto ao sentimento de amor. Não envolve posse. Algo patético, pois, referente ao sentimento. Esta sensação é obstinada. Podemos amar pelo simples fato de sentir amor. A delicadeza de perceber o sentimento de amor pela humanidade. Por esta cachorrinha frívola. Por uma tarde de recolhimento e céu azul. Um banho refrescante. Estar satisfeito. O amor, então, é possível - outra vez.
Chamam egoísmo amar a si mesmo. Não acho revoltante. Não me custa amar este rapaz por seu sorriso afetuoso e seu toque. Esta garota adolescente em conluio ao me mostrar sua beleza e ardor. Seus seios e perfume. Suas curvas.
Amo estas recordações de viagem, este quadro de pintura, este autor célebre, minha infância, a obstinação de alguém para permanecer vivo. - Contente de sobreviver a uma desgraça.
“Amar é...” esta mercê de um amigo, alguém querendo o nosso bem, comer à mesa com sofreguidão, o convite para vermos o filme: “O Carteiro e o Poeta”. Ter todo o conforto de alguém que nos ama de graça. Pela nossa simpatia. Por nosso fervor de estarmos juntos neste trajeto da existência. Um verso de Camões: “Amor é fogo que arde sem se ver...”. A paixão de amar é obstinada: como este ofício de escrever, cartas endereçadas aos que virão. Aos futuros parceiros de jornada – nossos leitores apaixonados por frívolas palavras de encantamento. A magia de amar sempre é imanente ao ato de amor. Ao simples fato de sermos humanos. A vida é re-permitida.
Endereço esta carta de amor aos leitores que em seu tempo breve de vida alegre: encontraram tempo para amar. A si e ao outro presente em seu mundo, companheiros de jornada, também à natureza humana ainda não desvirtuada e indômita. Ao amor pronto e acabado – capaz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário