segunda-feira, 20 de junho de 2011

A leitura é esse ato de rasgar, de amarrotar, de torcer, de re-costurar o texto para abrir um meio vivo no qual possa desdobrar o sentido. O espaço do sentido não pré-existe à leitura. É ao percorrê-lo, ao cartografar, que o fabricamos, que o atualizamos.
A escrita chega ao sentido pela significância. É esta abertura que inicia o espaço dos signos, do sentido, da experiência do significado da escritura. O que antes foi simbólico, passa a ter uma estrutura, uma rede de sentidos e significantes, a letra passa a ter vida. A estrutura e nó de conceitos, o deslizamento das imagens, o som, e todo arcabouço teórico, passam a existir não mais idealmente, na fantasia, nem tanto com realidade, mas passa a ser o exercício do pensamento, o re-vigorar dos atos, a ação camuflada, o retorno do reprimido.
A reflexão, o ato da leitura complementado pela escritura, passa a ser exercício do pensamento, atividade mental, mas também produção e criação de um espaço puramente virtual: cinematográfico e pictórico, imaginativo ou transcendental...
A escrita e o autor passar a ser cúmplice da grande biblioteca, do labirinto de opiniões, da virtualidade das possibilidades, da simulação, do teatro dos diversos saberes, a prática da escrita – passa a ser babel feliz. O escritor aquele que porta a diferença, o estrangeiro, o nômade de todas as idéias, opiniões e identidades – o ator pleno de papéis e máscaras.

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