domingo, 19 de junho de 2011

O Trabalho Literário

A figura do crítico surgiu quando o intelectual se politizou. O romancista, geralmente pequeno burguês, dono de gráficas, editoras, assumiu o papel de orientar as belas letras. A literatura cumpria o papel de evasão e de lazer, de estilo de vida proposto e de cultura nacional ou arte.
Quase sempre o papel do crítico foi nos jornais, na imprensa, através de leituras e manifestos, críticas, orientar o vôo do escritor. Esta prática principalmente em sua origem foi em relação ao romancista. O prosseguimento da obra dependia do crítico, seu fracasso ou fama, da aceitação no meio artístico, da cultura, das belas letras e artes. O crítico era bastante elitista.
Geralmente os escritores eram pequenos burgueses que tentavam imiscuir-se na política da cidade ou região, adquiriam certa fortuna, ambicionavam cargos, se tornavam professores, lentes, fundavam jornais e revistas, tornavam-se pedagogos.
Havia uma idéia de obra, de obra de arte, de algo espetacular escrito, fora de série, extraordinário e que fosse influente, que alterasse o estilo – a obra de arte. A idéia de inovar era obsessiva.
Existiram muitos manifestos acerca da arte, da poesia, experimentalismos, futurismos e a idéia de beleza, de boa escrita, de linguagem culta, de frases corretas, perseguia-os.
Assim como somos aceitos num meio, numa classe, o escritor e romancista, precisavam ser admitidos, aceitos como alguém que tem algo a dizer e fazer, inovar nas artes, na literatura, a figura do crítico é quase que de censor e impunha limites, fazia o romancista caminhar em determinada direção, ensinava-o a buscar o ideal da arte perfeita: a obra de arte.
Esta história que faço da literatura muito influenciada pela literatura européia, meio bela época, se impôs também no Brasil. Vejamos José de Alencar, Gonçalves dias, onde os escritos aparecem em jornais da época, os romances são publicados periodicamente, onde os versos aparecem na efusão dos comentários.
De fato era imensa glória ser escritor. Um privilégio de classe, do meio cultural e com poder de influência. Homens de direito e políticos também escreviam e ocupavam cargos de importância política.
Enfim, esta história por volta do Séc. XVIII inicia e prossegue. Hoje o escritor e romancista, além de figuras extraordinárias, formam a ação de evasão, de aculturar, de entreter, a idéia de obra de arte não é percebida pelos nossos contemporâneos - este ideal não existe por parte do público...


Marcos S. Oliveira é Autor pela Academia Brasileira de letras

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