sábado, 16 de julho de 2011

CONVERSA DE MÉDICO

(Conto extraordinário)

*

O paciente perguntou ao médico há quanto tempo não se viam. Não estavam em um consultório particular, mas uma espécie de posto de saúde destinado à população da cidade – público.
Depois de uma conversa sobre medicina, com o médico, disse que desconhecia que ele exercia também a prática clínica.
Antes de entrar no ambulatório, mediram sua pressão e pesaram seu corpo – tudo normal e segundo as regras da boa saúde corporal...
O paciente lembrou-lhe que necessitara de seus socorros em outra época – o médico assentia e estava silencioso...
O paciente pediu que olhasse documentos de outra época, do sistema único de saúde. Afirmou que precisava acertar sua vida para descanso – aposentadoria.
A sua profissão e os negócios já não agradavam...
O médico nem se atreveu a examinar percebeu o intuito da conversa. Falaram de economia. Que talvez ele precisasse de uma pensão para manter a ordem de sua vida. Precisava de uma vida livre, pacata e sossegada...
Mostrou documentos e afirmava que por direito: direitos sociais e políticos, para salvaguardar a vida de grandes confusões, balbúrdia, que poderiam advir para a saúde e tranqüilidade...
O pedido da pensão parecia negócio, transação. Afirmou que era questão social, e não médica. Para melhor tranqüilidade.
O médico observou os documentos. Nenhum lhe pareceu ilegal.
Volte no dia treze de março, conversarei com outro médico, médico chefe da administração, quem sabe lhe darei felicidade, alegria e conforto, como outras vezes...
O médico cumprimentou-o e o despediu para fora da sala. Assentou-se e começou a pensar na estranheza de seus encontros e conversas. Esta conversa de médico lhe pareceu banal e extraordinária. Totalmente insípida...


Marcos S. Oliveira é Autor da Academia Brasileira de Letras...

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